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Os 50 anos da notícia ao vivo

Em 2013 completam-se 50 anos do assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy, um momento difícil para o jornalismo diante da quantidade de teorias da conspiração, afora o estupor natural provocado por esse tipo de meganotícia.

Dois dias depois da morte, que apesar de registrada em vídeo não foi transmitida ao vivo, outro assassinato (esse diante dos olhos de milhões de telespectadores) chocaria ainda mais o público: Lee Harvey Oswald, apresentado como o assassino de Kennedy, foi abatido a tiros quando era conduzido a um presídio.

Se não foi a primeira morte mostrada ao vivo, certamente foi um dos primeiros momentos em que a TV, que ainda engatinhava, conseguiu levar ao ar um acontecimento noticioso inesperado ao mesmo tempo em que ele acontecia.

A reviravolta nas transmissões de TV e rádio, como você pode conferir nos vídeos acima, foi incrível. Afinal, no mesmo momento o corpo do presidente morto deixava pela última vez o Capitólio, em Washington. Jack Ruby, um escroque com problemas mentais, resolveu roubar a cena.

Houve outros momentos em que o jornalismo capturou a notícia ao vivo, caso do assassinato do presidente egípcio Anwar Sadatt e da tentativa de assassinato contra o Papa João Paulo II.

A morte do premiê israelense Ytzak Rabin foi registrada por uma câmera de segurança e posteriormente exibido pelas TVs, mas houve ainda o inesquecível e mortífero balé aéreo dos aviões usados como mísseis no 11 de setembro de 2001.

Nesses momentos, o jornalismo profissional é insuperável.

Brasil, o país em que mais se mata jornalistas

A morte do jornalista maranhense Décio Sá, executado com seis tiros nesta semana, colocou o Brasil no topo do ranking dos países mais perigosos para os coleguinhas em 2012 – superamos a Síria, que vive uma guerra civil.

No ano passado, o país foi o 8º em que mais jornalistas morreram.

É tétrico porque, há cerca de algumas semanas, o governo brasileiro melou na ONU um plano que discutia justamente a criação de um padrão global de proteção aos profissionais de imprensa.

Brasil vota contra plano da ONU para proteger jornalistas

Países como o nosso, Índia e Paquistão (onde é alto o índice de crimes contra jornalistas) embarreiraram na ONU a aprovação de uma iniciativa da Unesco que, em linhas gerais, pretende ampliar as instâncias de discussão da importância da liberdade de expressão, além de mecanismo de proteção aos profissionais de imprensa.

O Comitê de Proteção aos Jornalistas da ONU estima em 900 colegas mortos apenas nas últimas duas décadas.

ATUALIZAÇÃO: De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério das Relações Exteriores, o Brasil é a favor do plano de ação, mas contrário ao procedimento para aprová-lo e também a alguns trechos do texto. O país diz não ter dito voz na formatação do plano e questiona, por exemplo, a definição do que seriam “situações de conflito e não conflito” enfrentadas por jornalistas.

 

Como calar o Anonymous

Imagine uma cabeça decapitada, mas portando fones de ouvido. Ao lado do corpo, um teclado.

A mensagem de narcotraficantes mexicanos foi clara: blogueiros, esqueçam a “resistência paralela” ao jugo do tráfico de drogas que submete o país a níveis nunca antes vistos de violência.

O Anonymous (grupo de ciberativistas) desistiu imediatamente de penetrar nos arquivos da polícia e tornar públicos dados e nomes que fazem parte do Zetas, o maior cartel do país.

Não, a vida em rede não é dissociada da vida em carne e osso.

JFK morreu


Walter Cronkite e uma transmissão caótica, o dia do assassinato de Kennedy no Texas.

Um clássico.

Google patrocina memorial jornalístico no YouTube

A internet abriga, desde ontem, um memorial de jornalistas que morreram “perseguindo a notícia”, como o Google descreve no canal no Youtube criado em parceria com o Newseum, o museu americano da imprensa.

O projeto já nasce consistente, com várias histórias bacanas de serem lembradas.

Jornalista bom é jornalista vivo _nessas sempre me lembro de Assis Chateaubriand brifando Joel Silveira antes da partida deste para a cobertura da Segunda Guerra (“Não me morra, seu Joel, não me morra. Repórter não é pra morrer, é pra mandar notícia”).

Hoje a guerra é aqui: o maior número de baixas na profissão ocorre fora de zonas de conflito internacional, a mando de poderosos/criminosos.

As coisas mudam.

Em grandes furos de reportagem, a sorte é preponderante

Um furo de reportagem não depende só de competência e experiência. A sorte é um fator preponderante, ainda mais hoje, em que há excesso de informação circulando (e gente correndo atrás dela).

Não era assim, claro, no dia 8 de dezembro de 1980, quando o ex-Beatle John Lennon foi baleado diante de seu prédio, o célebre Dakota, em Nova York.

Levado ao pronto-socorro do hospital Roosevelt, Lennon não resistiu aos ferimentos. No mesmo local estava Alan Weiss, que era produtor da rede ABC e tinha acabado de sofrer um acidente com a moto pela qual se deslocava em NY em busca de notícias. Achou A notícia.

O áudio original da ligação de Weiss para a ABC é perturbador. O trecho traz ainda o anúncio oficial da morte, dado por um locutor durante o tradicionalíssimo Monday Night Football.

O jornalismo chapa-branca na tomada do Alemão

Eu estou simplesmente impressionado com a cobertura, notadamente das Organizações Globo, Record e revista Veja, da ação policial que culminou com a ocupação do Complexo do Alemão, até então símbolo do narcotráfico e da ausência do Estado no Rio de Janeiro.

A Globo tem um motivo particular para tornar dela o discurso oficial e transformar os agentes que participaram da operação em heróis: foi no Alemão que um de seus profissionais, o jornalista Tim Lopes, acabou sequestrado, torturado e assassinado em 2002 quando produzia uma reportagem sobre a exploração sexual, por traficantes, de meninas do morro.

Mais de um apresentador do canal se disse “pessoalmente satisfeito” com a tomada do Alemão, citando diretamente Tim.

É, evidente, um motivo menor diante do alcance (e do simbolismo) da ação coordenada da polícia e das Forças Armadas.

Ainda assim, e mesmo com um lado “bom” tão evidente, ainda acho que jornalista não deve torcer.

Essa atitude, aliás, explica porque hoje vemos tanta gente a favor de que a polícia simplesmente chegue atirando e matando pessoas.

Jornalista não tem medo de morrer

Acaba de ser traduzido para o espanhol o livro “Murder Without Borders” (Assassinato sem Fronteiras), do canadense Terry Gould.

A obra investiga os assassinatos de sete jornalistas em distintas regiões do planeta (só no ano passado, 76 colegas perderam a vida).

Sua conclusão é espetacular: porque todos eles adotaram uma atitude quase suicida ao prosseguir em suas investigações a despeito das ameaças de morte?

“Todos eles concluíram que deviam aceitar a morte como consequência de seu trabalho”, diz o autor.

Por essas e por outras me orgulho desta profissão.

Jornal publica anúncio classificado que sugere o assassinato de Obama

Perdido no meio dos classificados, o insano anúncio que liga Obama aos quatro presidentes norte-americanos assassinados

Perdido no meio dos classificados, o insano anúncio que liga Obama aos quatro presidentes norte-americanos assassinados

Apesar do péssimo gosto da brincadeira, essa vai entrar para a história: o jornal Times-Observer, da cidade de Warren (Pensilvânia), publicou em sua edição de anteontem um anúncio classificado que sugere o assassinato do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

“Obama pode seguir os passos de Lincoln, Garfield, McKinley e Kennedy”, dizia o pequeno tijolinho de uma coluna por três centímetros de altura. Como se sabe, Lincoln, Garfield, McKinley e Kennedy foram mandatários norte-americanos assassinados no exercício do mandato.

John Elchert, editor do jornal, diz que o anúncio foi pago para circular por três dias, mas sua publicação foi suspensa após “descoberto” na quinta-feira. O jornal ainda divulgou uma retratação.

“O leitor que faz isso com a imprensa é um infeliz”, afirmou Elchert, esclarecendo que o funcionário que aceitou o anúncio não foi demitido porque não soube relacionar os sobrenomes aos dos presidentes mortos.

O jornal diz que o anúncio custou cerca de US$ 30 e que não possui nenhuma informação sobre quem o mandou publicar.

O descuido do Times-Observer levou policiais do FBI à pacata Warren (que tem cerca de 12 mil habitantes). Eles estariam investigando o caso.

Opine: um jornal precisa de manchete todos os dias?