Arquivo da tag: AFP

Para quem ainda não entendeu o que é rede social

É impressionante, mas anos depois – o Twitter, por exemplo, já está no ar há seis anos – ainda não foi compreendido o sentido de prestação de serviço, curadoria e relacionamento que os grupos jornalísticos têm de ter em redes sociais.

Então, pra quem não entendeu (e são tantos…) o exemplo acima funciona melhor do que um desenho: a Reuters retuitou um CONCORRENTE (a France Presse) porque considerou a informação relevante ao seu público.

Isso é saber fazer jornalismo em rede social. O resto é propaganda e masturbação (cujo apogeu é o retuíte de si mesmo).

Enganado por agência de notícias, fotógrafo ainda é processado por difamação


Estava na cara que um dia isso acontecer: um fotógrafo está processando a AFP (Agence France Presse) porque a empresa se apropriou de uma imagem postada por ele no Twitter.

A foto em questão foi tirada por Daniel Morel (ele próprio ex-empregado da agência de notícias francesa) durante o terremoto do Haiti.

Redistribuída posteriormente pela AFP, perdeu o crédito de seu autor original _uma constante em colaborações do jornalismo participativo, repare como as agências rapidamente incorporam seus créditos e tiram o cidadão da frente  o quanto antes.

Morel, que tinha acesso a um mailing de assinantes da AFP, disparou um e-mail protestando contra a tungada que levou. Extraordinariamente, o feitiço virou contra o feiticeiro: agora a agência também o está processando, por difamação e danos morais.

Na defesa da companhia francesa, letrinhas miúdas do Twitter que eu reproduzo, na íntegra e em inglês, abaixo.

“(…) submitting, posting or displaying Content on or through the Services, you grant us a worldwide, non-exclusive, royalty-free license (with the right to sublicense) to use, copy, reproduce, process, adapt, modify, publish, transmit, display and distribute such Content in any and all media or distribution methods (now known or later developed)”.

Você já tinha lido isso em seu contrato com o Twitter? Pois é, basicamente o trecho diz que, publicado, um post não mais o pertence: você dá ao mundo o direito de usar aquilo do jeito que bem entender.

Só agora entendi porque Morel limpou seu Twitter poucas horas depois de divulgar essa imagem. Estava se desenhando uma história bizarra de apropriação indevida que, aparentemente, tem o suporte da plataforma tecnológica.

Mas nada que a boa e velha justiça analógica não resolva.

Por economia, jornal abre mão de agência de notícias

O uso do conteúdo de agência de notícias sempre foi uma forma de jornais pequenos garantirem o fechamento de suas páginas, ainda que com material pasteurizado, não personalizado, produzido em série.

Há milhares de publicações no mundo que simplesmente não ficariam prontas diariamente não fossem os despachos de Associated Press, Reuters, France Presse e EFE, apenas para citar as quatro mais importantes.

Agora, estes mesmos jornais estão simplesmente cancelando seus contratos com as agências. É um novo sintoma da crise no jornalismo impresso nos Estados Unidos.

Foi o caso do gratuito Metro, que nos EUA publica edições em Nova York, Boston e Filadélfia e abriu mão do acordo com AP, que manda neste mercado no país. Na lógica da operação, o futuro da publicação está diretamente ligado a sua capacidade de produzir conteúdo original _ainda que a redação, minúscula (no ano passado, com queda de 30% no faturamento publicitário, 27 pessoas foram demitidas).

O Metro americano seguirá utilizando matérias de mais de 100 edições da empresa pelo mundo (inclusive o Brasil), além de conteúdo de Reuters e Bloomberg.