
Estava na cara que um dia isso acontecer: um fotógrafo está processando a AFP (Agence France Presse) porque a empresa se apropriou de uma imagem postada por ele no Twitter.
A foto em questão foi tirada por Daniel Morel (ele próprio ex-empregado da agência de notícias francesa) durante o terremoto do Haiti.
Redistribuída posteriormente pela AFP, perdeu o crédito de seu autor original _uma constante em colaborações do jornalismo participativo, repare como as agências rapidamente incorporam seus créditos e tiram o cidadão da frente o quanto antes.
Morel, que tinha acesso a um mailing de assinantes da AFP, disparou um e-mail protestando contra a tungada que levou. Extraordinariamente, o feitiço virou contra o feiticeiro: agora a agência também o está processando, por difamação e danos morais.
Na defesa da companhia francesa, letrinhas miúdas do Twitter que eu reproduzo, na íntegra e em inglês, abaixo.
“(…) submitting, posting or displaying Content on or through the Services, you grant us a worldwide, non-exclusive, royalty-free license (with the right to sublicense) to use, copy, reproduce, process, adapt, modify, publish, transmit, display and distribute such Content in any and all media or distribution methods (now known or later developed)”.
Você já tinha lido isso em seu contrato com o Twitter? Pois é, basicamente o trecho diz que, publicado, um post não mais o pertence: você dá ao mundo o direito de usar aquilo do jeito que bem entender.
Só agora entendi porque Morel limpou seu Twitter poucas horas depois de divulgar essa imagem. Estava se desenhando uma história bizarra de apropriação indevida que, aparentemente, tem o suporte da plataforma tecnológica.
Mas nada que a boa e velha justiça analógica não resolva.