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Briefing do Google em Davos: um pouco de tudo

Passei batido pelo briefing que o Google fez na semana passada em Davos, durante o Fórum Econômico Mundial, com alguns poucos que cobrem mídia e tecnologia. Jeff Jarvis, professor da Universidade de Nova York e que escreveu um livro sobre a empresa, estava lá.

Pela companhia, foram o CEO, Eric Schmidt, o presidente de vendas, Nikesh Arora, a gerente de busca, Marissa Mayer, o fundador do YouTube Chad Hurley e o consultor David Drummond.

Eles revelaram coisas bacanas sobre os planos da empresa para dar maior transparência ao AdSense, China (nada assertivo, mas indicativo de que caminha-se para o fim da operação local), reputação, inovação, dispostivos móveis e a economia (“A recessão já ficou bem para trás”, disse Schmidt).

Isso você lê lá no relato do Jarvis (ou no de Alan Rusbridger, do Guardian).

Eu fiquei especialmente interessado no trecho da conversa que tratou da relação com os jornais. E o Google verdadeiramente parece muito disposto a ajudá-los a sobreviver na crise e ganhar dinheiro, mas com uma condição: “Nós dependemos de conteúdo de alta qualidade”, disse o CEO.

A ideia é meio óbvia: aumentar o interesse por notícias e, com mais gente mais tempo on-line, ampliar os ingressos de publicidade. Para isso, os publishers “precisam levar as notícias à soleira digital da porta da casa dos usuários”, nas palavras de Marissa.

Com muitos jornais ainda enxergando o Google como um predador, esses planos parecem utopia.

A última do link patrocinado

A notícia fala em proibição, enquanto os anúncios oferecem a venda do produto ilícito: clara incongruência que estremece a credibilidade jornalística

A notícia fala em proibição, enquanto os anúncios oferecem a venda do produto ilícito: clara incongruência que estremece a credibilidade jornalística

Viu a imagem acima, uma captura de tela do site de O Globo nessa semana? Pois é, depois ainda me perguntam por que eu combato o uso de links patrocinados ou adsense em produtos jornalísticos.

A notícia do jornal carioca fala na proibição, pela Anvisa, da venda e importação do cigarro eletrônico em todo o território nacional. Pois a publicidade imediatamente abaixo oferece justamente o que? Lotes de cigarro eletrônico em 18 vezes sem juros.

O episódio expõe com clareza o problema, para quem trabalha narrando acontecimentos, de ficar à mercê de uma máquina de busca brilhante mas que possui seus momentos de absoluta imbecilidade _aqueles em que é preciso agir como gente.

Imagine um jornal não saber o conteúdo de um anúncio numa de suas páginas _às vezes eles chegam tarde à redação, é verdade, mas por volta de 19h30 todos sabemos o que é aquilo que está atrapalhando e tomando espaço em nossas páginas.

Propaganda não pode ser aleatória, tem de ser gerenciada.

Para seu própria bem, diga não ao link patrocinado em seu site jornalístico. Pelo menos da forma como o conhecemos hoje.

Terra usa link patrocinado para vender notícias

Até que ponto que um veículo deve usar recursos on-line para promover seu conteúdo editorial?

Usuários do Google que buscaram nesta terça-feira informações sobre o caso Isabela Nardoni encontraram, no topo da página de resultados, um link patrocinado do Terra Notícias chamando para a sua cobertura sobre a morte da garota _que fez exatamente um mês.

Com a estratégia, o Terra pôs seu produto no topo das buscas do site que realiza 98% das pesquisas mundiais na Internet.

É certo que sites (ou blogs) jornalísticos, se quiserem caminhar dentro dos limites da ética, devem evitar o uso de links patrocinados ou do tipo adsense em seu material noticioso.

O motivo? Bem, eles ludibriam o usuário escolhendo palavras equivocadas e os encaminhando a sites que muitas vezes nada têm a ver com a notícia em si. Mais: são aleatórios, e não se edita um produto jornalístico sem saber o que vai acompanhá-lo. Mais ainda: possui, entre seus clientes, picaretagens como o Total Shape (aquele que promete um abdôme tanquinho em apenas 15 minutos diários de papo pro ar), além de pornografia e outras ilegalidades.

Agora, o inverso (usar o link patrocinado para anunciar) me parece natural e nada constrangedor, como indagou o Leopoldo Godoy, que notou a propaganda ao fazer uma busca. Não difere em nada da propaganda comum que vemos, por exemplo, em revistas, jornais ou TV.