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Quando a internet arregou

Ainda na linha ‘lembranças de 11 de setembro’, um tema que abordei há três anos e que não pode ficar esquecido: a internet não aguentou o tráfego naquele dia trágico. O Google fez o que pôde: exibiu versões em cache dos principais sites de notícia, mas deu um recado claro aos usuários: vá para a TV…

Webmanario


“Se você procura informação, TV e radio têm noticiário mais atualizado. Muitos serviços noticiosos não estão disponiveis por causa da altíssima demanda. Abaixo, cópias em cache de versões de sites de notícias conforme atualizações realizadas anteriormente”.

O recado da página inicial do Google em 11 de setembro de 2001 era claro: a internet abrira o bico. A ponto de recomendar que você fosse atrás da mídia tradicional.

Haverá uma segunda vez?

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Os 50 anos da notícia ao vivo

Em 2013 completam-se 50 anos do assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy, um momento difícil para o jornalismo diante da quantidade de teorias da conspiração, afora o estupor natural provocado por esse tipo de meganotícia.

Dois dias depois da morte, que apesar de registrada em vídeo não foi transmitida ao vivo, outro assassinato (esse diante dos olhos de milhões de telespectadores) chocaria ainda mais o público: Lee Harvey Oswald, apresentado como o assassino de Kennedy, foi abatido a tiros quando era conduzido a um presídio.

Se não foi a primeira morte mostrada ao vivo, certamente foi um dos primeiros momentos em que a TV, que ainda engatinhava, conseguiu levar ao ar um acontecimento noticioso inesperado ao mesmo tempo em que ele acontecia.

A reviravolta nas transmissões de TV e rádio, como você pode conferir nos vídeos acima, foi incrível. Afinal, no mesmo momento o corpo do presidente morto deixava pela última vez o Capitólio, em Washington. Jack Ruby, um escroque com problemas mentais, resolveu roubar a cena.

Houve outros momentos em que o jornalismo capturou a notícia ao vivo, caso do assassinato do presidente egípcio Anwar Sadatt e da tentativa de assassinato contra o Papa João Paulo II.

A morte do premiê israelense Ytzak Rabin foi registrada por uma câmera de segurança e posteriormente exibido pelas TVs, mas houve ainda o inesquecível e mortífero balé aéreo dos aviões usados como mísseis no 11 de setembro de 2001.

Nesses momentos, o jornalismo profissional é insuperável.

Quando a internet arregou


“Se você procura informação, TV e radio têm noticiário mais atualizado. Muitos serviços noticiosos não estão disponiveis por causa da altíssima demanda. Abaixo, cópias em cache de versões de sites de notícias conforme atualizações realizadas anteriormente”.

O recado da página inicial do Google em 11 de setembro de 2001 era claro: a internet abrira o bico. A ponto de recomendar que você fosse atrás da mídia tradicional.

Haverá uma segunda vez?

Uma imagem para resumir como nossa profissão mudou


Eu gosto muito dessa foto. Para mim, representa como poucas como mudou, para nós jornalistas, essa profissão maravilhosa.

Hoje temos a companhia de pessoas _de todas as pessoas, a rigor_ que estão lá, como a gente, testemunhando e difundindo fatos. Isso é muito saudável, oxigenou nosso ofício.

O lado ruim dessa história: não tenho informação alguma sobre a imagem acima, que suponho ter sido tirada em 11 de setembro de 2001.

Alguém tem?

ATUALIZAÇÃO: O Thiago Araújo resolveu o mistério, trata-se da cobertura cidadão da explosão de um gasoduto em Manhattan, em 2007

Um ano em dez posts. Feliz 2010!

É, 2009 acabou. No que diz respeito ao Webmanario, foi um ano intenso: mais uma vez, quem acompanhou as discussões sobre jornalismo por aqui encontrou pelo menos um texto novo todos os dias, o que desde sempre foi um propósito deste trabalho _afinal de contas, se está na web, atualize ou morra.

E quais foram as discussões mais apreciadas e que contaram com maior participação de vocês em 2009? Fiz a seleção abaixo com base em dados estatísticos de acesso ao site. Espero que aproveite nossa retrospectiva e que, em 2010, dê as caras por aqui colaborando com novos debates sobre essa profissão que passa por tantas transformações.

Feliz 2010!

1. Um trambolho chamado ‘máquina da UPI’ – Aqui eu contei os primórdios da transmissão de fotos com uma geringonça demorada e barulhenta. Provocou inesperado buzz na rede

2. O fim do diploma e o começo de outro jornalismo – Como não poderia deixar de ser, o debate que se seguiu ao fim da obrigatoridade da formação específica para se exercer a profissão

3.Phelps, maconha e o plantão de domingo – O supernadador foi flagrado em impedimento justamente no meu plantão (e contei como foi a decisão de publicar a notícia)

4. Cenas trágicas da última edição de um jornal – O triste fim do Rocky Mountain News, centenário jornal americano que desapareceu em 2009

5. A ética jornalística e as filhas góticas de Zapatero – Esse post é uma surpresa e foi bombado porque o assunto virou pop na Espanha (graças ao visual, digamos, demodê das filhas do premiê)

6. Esso rouba nome de jornalista para promover campanha jabazeira – Ocorreu com Juca Kfouri, mas poderia ter sido com você

7. O Google Wave e as mudanças no jornalismo – Uma das revoluções do ano e sua experiência prática na revista Época

8. A capa certa na banca de jornal errada – Mais uma vez, post inflado artificialmente. Agora, por fãs de MacIntosh embriagados pelo constrangimento que uma capa de revista submeteu os PCs

9. Aeroportos querem banir revista Caras da sala de embarque – Essa foi boa, e foi um furo: publicação estava dando facas e garfos de brinde (e aviões tiveram de voltar ao pátio por causa dessas ‘armas’)

10. A maior contribuição ao jornalismo visual completa 8 anos – O trabalho multimídia da MSNBC sobre o 11 de Setembro que viraria padrão na internet

A evolução da audiência do NYT no dia em que MJ morreu

25 de junho de 2009 entrou para a história da web, assim como 11 de setembro de 2001. É certamente um dos dias de maior acesso global à rede. Pudera: Michael Jackson morreu.

Um vídeo impressionante registra a evolução da audiência do The New York Times a partir do momento em que a notícia foi confirmada. Loucura.

Só faltaram os números da audiência, né? Podiam ser um counter como o que contava as horas…

Mas no conjunto da obra representa bem o que podemos fazer na web, e com simplicidade.

A maior contribuição ao jornalismo visual completa 8 anos

msnbc

A representação visual de informação jornalística nunca mais foi a mesma depois deste trabalho da MSNBC publicado apenas cinco dias depois dos ataques de 11 de setembro, em 2001.

Foi a primeira vez que um veículo on-line utilizou o recurso do slide show (e também de áudio) para contar uma história. O infográfico animado acabou se tornando o divisor de águas entre o que era e o que passou a ser feito pelo jornalismo na internet.

Olhando assim ele pode até parecer meio tosco _e era. Tem dificuldades de navegação e recursos limitadíssimos. Mas lembre-se: estávamos em 2001, praticamente na pré-história da internet.

O que era simples acabou entrando para a história do jornalismo visual e das novas narrativas jornalísticas.

O dia em que o jornalismo cidadão foi notado

Nova York arrasada: foto do acervo do museu que lembra o maior acontecimento jornalístico de todos os tempos _e também o mais registrado por não jornalistas na história

Nova York arrasada: foto do acervo do museu que lembra o maior acontecimento jornalístico de todos os tempos _e também o mais registrado por não jornalistas da história

É consenso acadêmico que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, mais especificamente os que tiveram o World Trade Center como alvo, são o evento mais registrado de todos os tempos. Foi o momento em que todos os olhos do mundo estavam voltados para aquelas duas torres glamourosas que, de repente, ruíram.

“Dizem que 11/9 foi o acontecimento mais registrado digitalmente em nossa história. E nós estamos convidando as pessoas a nos ajudar a contar essa história”, conta Alice Greenwald, diretora do museu que recordará a data _e que será inaugurado apenas em 2012.

Porém já está no ar, sob a chancela da curadoria do novo museu, um site provisório com centenas de registros dos ataques, num belo exemplo de convivência pro-am _material profissional e amador mesclado, jornalistas e testemunhas contando juntos um fato histórico que mudou a humanidade.

O museu tem um projeto, o Make History, que conclama os cidadãos a encaminhar registros que, seja por descuido, esquecimento, falta de iniciativa ou luto familiar, estejam depositados em algum cartão fotográfico ou disco rígido.

O material que já está no ar é muito bom e nos relembra, fortemente, o dia em que o jornalismo cidadão foi notado. É um momento decisivo para o que viria a acontecer ao próprio jornalismo nos anos seguintes.

A coleção tem registros não mostrados na televisão, como restos de corpos, uma poltrona de avião, fotos de família. Arrasador.

Mas um museu sempre quer mais relíquias.

Nada mais adequado que recorrer a quem melhor cobriu o fato _o cidadão, atônito diante do cataclisma.

O dia em o IG criou a data da notícia boa. Era 11 de setembro de 2001…

ATUALIZAÇÃO: o Good News Network resiste, festeja 15 anos (isso significa que iniciou suas operações em 1997, nos primórdios da operação comercial da internet). Já a Companhia da Boa Notícia, nem tanto (respira por aparelhos…).

A história das boas notícias rendeu. Em seu blog, e por coincidência, Sérgio Dávila comentou no mesmo dia sobre o Good News Network, cuja audiência cresceu 45% desde que começou a crise econômica.

Recapitulando: já há quem recomende aos jornais que criem seções ou invistam numa agenda positiva para recuperar leitores, cansados de desgraças, crimes e patifaria.

Inevitável alguém lembrar (não me conformo como é que eu esqueci) do “Dia da Boa Notícia” que Nizan Guanaes tentou instituir no portal IG. A data escolhida, 11 de setembro de 2001.

A efeméride seria comemorada assim: a capa do produto destacaria apenas noticiário otimista, edificante, social e feliz. A data foi anunciada com pompa pelo portal na véspera, que prometia um festival de boas notícias em sua capa ao usuário no dia seguinte.

Já na madrugada, o plano começou a fazer água: era assassinado o prefeito de Campinas, Toninho do PT, numa ação ligada a sequestro que até hoje jamais foi bem explicada. A capa do IG ignorou _a notícia sobre o crime, claro, foi jogada na lista de últimas normalmente.

Até que chegou 9h45, hora de Brasília, e um avião atingiu uma torre do World Trade Center. A capa do IG, impávida. Mas decidiu-se por acordar a chefia. Veio 10h03. Outro avião, outra torre. A prisão do “Dia da Boa Notícia” colapsou o site, que só abandonaria o propósito perto do meio-dia, quando notou que o mundo estava de fato acabando e só ele, porque tinha tomado a decisão errada no dia errado, ignorava o Armagedon em sua entrada mais nobre (até então), a home page.

Louco saber que, dois meses depois, Diléa Frate _por mais de 20 anos diretora dos talk-shows de Jô Soares e que mantinha, como até hoje, um site chão de fábrica com apenas notícias positivas  (ou bizarras)_ dava uma entrevista comentando o caso. É absolutamente insano.

“No dia 11 de setembro aconteceu uma coisa interessante. O portal do iG elegeu o dia como sendo “O Dia da Boa Notícia” e nós fomos escolhidos para ser a estrela do portal. Fizeram uma entrevista comigo muito parecida com esta aqui e íamos enviar boas notícias durante o dia todo. Foi um desafio, mas conseguimos nos safar: Choveram emails de pessoas confraternizando com o site e dizendo que não agüentavam mais aquele massacre de baixo-astral americano, com várias notícias que omitiam a verdade e massacravam um assunto. E nós conseguimos uma nova saída editorial no boa notícia: a partir da seção de Opinião, fizemos um apanhado crítico do que havia acontecido e projetamos que uma guerra não seria solução. A manchete desse dia no site foi: “DEU A LOUCA NO MUNDO!” E a partir de então, todos os dias, colocamos na parte superior do site um banner com uma arte de campanha pela Paz.”

Esse é um exemplo extremo, claro, mas definitivo para compreender que agendas e amarras e predisposições não fazem parte da rotina jornalística. Podem, no máximo, se resumir a seções ou pequenas notas. Jamais orientar a linha editorial de um produto noticioso.

Aeroportos querem banir revista Caras da sala de embarque

A coleção de artigos proibidos em voos ofertada por Caras a seus leitores

A coleção de artigos proibidos em voos ofertada por Caras a seus leitores

Censura? Não, o problema é o arsenal que você vê na imagem acima. Arsenal? É, do ponto de vista do código de segurança aeronáutico pós 11 de Setembro, utensílios domésticos como facas, garfos e tesouras não podem viajar com o passageiro na cabine do avião. Têm de ser despachados na bagagem. E a Caras, já há algumas semanas, tem oferecido este tipo de brinde a seus leitores.

O problema é que a maioria das salas de embarque dos aeroportos brasileiros _localizadas após a habitual revista no raio-x_ tem bancas de jornal. Daí, tornou-se frequente nos últimos dias a ocorrência, dentro das aeronaves, de portadores de armas capazes de facilitar um sequestro aéreo. Sim, é o brinde de Caras quebrando todas as regras de etiqueta no ar.

Anteontem, em Teresina, um avião da TAM prestes a decolar teve de voltar ao portão de embarque porque uma aeromoça percebeu que havia uma faca a bordo _inocente, o passageiro nem imaginava que tinha se transformado num risco para a sociedade apenas por ter comprado um exemplar da revista que esmiúça a vida de celebridades. O voo atrasou 40 minutos, até que a faca fosse levada por um funcionário da companhia aérea.

Alguns aeroportos, como o da capital piauiense, já recomendaram aos jornaleiros em áreas avançadas do terminal que não exponham a publicação _ou, se for o caso, dissociem a revista do faqueiro e expliquem aos clientes que ali dentro, antesala do ingresso num avião, é impossível contar com o cobiçado presente.

Oficialmente, a Infraero diz que não há uma resolução proibindo a venda da revista Caras nas salas de embarque. Fala-se muito nisso entre pilotos, tripulação e aeroportuários (já há até lenda dando conta da proibição, inexistente). Para a autarquia, segue valendo a norma da Anac que proíbe o acesso ao avião dos portadores deste tipo de utensílio. Como se fosse possível controlar seu porte a metros da poltrona da aeronave, sem revista acurada.

Enquanto isso, os aeroportos se mexem por conta própria para evitar novos problemas.

Interessante caso de um anabolizante (esses brindes que ajudam a vender publicações impressas) que mexe com toda a logística de distribuição de um produto. Ninguém tinha pensado nisso até a vida real dizer “presente” e escancarar um problemão.