Senna e os punks

senna_caixao

Onde você estava há 20 anos, durante o funeral de Ayrton Senna? Eu estava na Assembleia Legislativa de São Paulo, na época como repórter do Diário do Grande ABC, jornal no qual seria editor de esportes por longos cinco anos – até 2000, para ser preciso.

Virei a noite daquele 4 para 5 de maio conversando com algumas das milhares de pessoas que se aglomeraram numa longa fila na última homenagem ao piloto, morto três dias antes num acidente em Ímola. “Entreguei” a cobertura 20 horas depois, na porta do cemitério Morumbi, após acompanhar o cortejo. Não havia jornalismo on-line nem celular: tudo o que havia a fazer era conversar e observar, observar e conversar. Passar informações, só bem depois. Velhos e desconectados tempos…

Daquela multidão, nunca me esqueci da quantidade de punks, carecas, skinheads, white powers, o que fosse, vários deles, devidamente caracterizados e carregando bandeiras e adereços relativos ao Brasil. Vários chorando, como de resto boa parte dos que se dispuseram a se deslocar até ali. Sustentavam (os punks) em seu discurso o suposto nacionalismo de Senna, que bastava para conduzi-lo ao panteão de seus heróis. Uma bandeira no pódio e pronto, não era preciso nem gostar de automobilismo: havia algo a ser exaltado.

Um ângulo bastante inusitado daquela cobertura. Seguramente foram as pessoas que mais me surpreenderam encontrar naquela noite que parecia nunca terminar.

Uma resposta para “Senna e os punks

  1. Eu voltava de um almoço com churrasco na casa de uns amigos, e quando cheguei em casa e parei na porta da sala, vi o carro parado, e as pessoas em volta dele, etc.

    Letícia

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