Brasil Post, link externo e os jornalões

Já era de se esperar: por coerência (para ficarmos só nisso e sermos elegantes), os jornalões “homenageados” pelo Brasil Post com links externos estão exigindo explicações da Editora Abril, que pilota o projeto Huffington no país.

No entendimento deles, o uso do link externo equivale a uma apropriação indevida de conteúdo. Foi exatamente por isso que, capitaneados pela ANJ (a associação patronal), dezenas de jornais do país deixaram o serviço Google News. Posteriormente, numa espécie de termo de ajustamento de conduta, as partes concordaram em testar o protocolo “Uma linha no Google News“, cujo objetivo é precisamente direcionar o internauta as sites dos veículos (ué, o Google News faz o que mesmo?).

A chantagem dos jornais foi vista na época com desconfiança (de novo, estamos sendo benevolentes). Afinal, quem em sã consciência abriria mão do potencial drive de audiência de um produto Google? A ANJ disse que a queda de tráfego beirou 5% e que a medida valeu a pena.

Na França, por exemplo, a polêmica foi resolvida após o Google aceitar desembolsar 60 milhões de euros numa espécie de fundo para o jornalismo impresso, além de se comprometer a ajudar os jornais a incrementar sua receita com publicidade on-line. Na Alemanha, os jornais precisam autorizar o uso de seus títulos pelo agregador.

De toda forma, o episódio Brasil Post é revelador. E, de novo, no ano em que caminhamos para 19 primaveras da operação comercial da internet no país, parece que ainda estamos engatinhando.

3 Respostas para “Brasil Post, link externo e os jornalões

  1. Os jornais ainda não sabem como lidar com a internet – nem aceitam que nunca saberemos ao certo. São contraditórios quando dizem que querem um leitor fiel, mas ao mesmo se incomodam com os que se satisfazem com uma manchete ou uma linha explicativa. Pra mim, essa resistência cega e o esforço pró-papel a todo custo é suicida. Eles não se adaptam e, sem adaptação, a coexistência (o melhor caminho, na minha opinião) fica comprometida.

    • O pior, Emídia, é a emulação que temos visto dos produtos impressos nas versões que deveriam ser “novas mídias”. É muito apego à plataforma e à uma antiga forma de fazer.

  2. Pingback: Novas Narrativas do Jornalismo | Inovação: na forma ou no conteúdo?

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