A redação não é mais o habitat do jornalista. Um dado que corrobora essa impressionante realidade é a demissão, só em 2013 e só em São Paulo e Rio de Janeiro, de 300 jornalistas.
Outro dia mesmo comentei sobre a valorização que ofícios como marketing e publicidade estão dispostos a nos oferecer.
Ambientes corporativos estão interessadíssimos no nosso trabalho, como Jeremy Porter explora muito bem em artigo no Journalistics.
Por sinal, hoje, na Folha de S.Paulo, o publicitário Nizan Guanaes dá uma pista definitiva para entendermos o que está acontecendo. “Não deixa de ser irônico para a propaganda. Na época da comunicação total, a verdade tornou-se a maior arma de persuasão em massa.”
Até prova em contrário, os especialistas em verdade somos os jornalistas.
Apenas observando que isso é mercado de trabalho mas não exatamente jornalismo, né?
Depende, Marcelo. O jornalista costuma dar ao ofício uma descrição que, se aplicada fielmente, não existiria em lugar algum. Modus operandi jornalístico, ainda que a serviço de outra atividade, não tem motivo para não ser considerado jornalismo. Eu, pelo menos, considero.
Há quatro anos recomendo a leitura deste post. Paro de recomendar?
https://webmanario.com/2009/02/16/agora-me-diz-assessoria-de-imprensa-e-jornalismo/
A questão é precisamente essa: os ofícios que recorrem ao trabalho jornalístico estão em pleno processo de transformação – enquanto o nosso empacou. Hoje, os valores que temos orgulho de defender diariamente de um lado muitas vezes têm combatentes mais intransigentes ainda no outro. Valores que acreditávamos serem exclusivos de uma casta, a nossa, encontram, quem diria, espaço e, mais do que isso, protagonismo alhures.