Pronto: um editorial na Folha de S.Paulo e uma reportagem na Veja saúdam o acordo do Google com a imprensa francesa, que aceitou ser indexada pelo mecanismo de busca em troca de 60 milhões de euros num tal “fundo de auxílio a jornais e revistas da França”, o país mais paternalista com relação à sua produção em papel.
Trata-se de uma esmola e de um vexame. Nunca é demais lembrar que o antecessor de François Hollande, Nicolas Sarkozy, torrou dez vezes mais num pacote de resgate que incluiu, entre outras coisas, uma assinatura anual para jovens a partir dos 18 anos – tudo bancado com dinheiro público.
O aplauso ao privilégio e o paternalismo, vá lá, ainda dá para entender. A frase “o Google depende, enfim, da imprensa para existir e vender publicidade”, cometida por Mario Sabino no texto de Veja, porém, é de um ridículo voraz. Totalmente fora de órbita.
Vamos conhecer o problema antes de abordá-lo?
É uma questão muito delicada e ainda sem solução que atenda aos dois extremos: em uma ponta, a necessidade de os jornais, enquanto empresas, se manterem com lucro; na outra, a maior vantagem da internet que é espalhar conteúdos sem barreiras. Confesso que não sei se é exatamente ruim o dinheiro público ser investido em empresas que fornecem informações de qualidade e confiáveis para a população – temos vantagens no Brasil, por exemplo, para todo tipo de empresa, como os descontos para as que são patrocinadoras de atividades culturais. Por outro lado, isso pode prejudicar a cobertura desse mesmo poder público. Então seria melhor investir em uma empresa jornalística pública, como a Inglaterra? Bom, isso é um bom debate, mas com muitos pontos que merecem diversos ângulos cada um. O que eu tenho certeza é que estamos longe de achar as soluções (porque serão muitas e, sempre, em teste).
O jornalismo financiado pelo público é, na minha visão, a melhor alternativa. Não é bom para a independência que governos estejam à frente disso.
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