A filósofa Hannah Arendt, autora de meu livro predileto (As Origens do Totalitarismo, de 1951), estabeleceu anos depois, em A Condição Humana (de 1958), uma definição lapidar sobre privacidade e vida pública na Antiguidade – um debate que tem tudo a ver com os nossos tempos.
“A man who lived only a private life, who like the slave was not permitted to enter the public realm, or like the barbarian had chosen not to establish such a realm, was not fully human”.
Resumindo, não ser visível aos outros humanos nos tornava menos humanos. Quanto mais privacidade, menos humanidade.
É uma questão e tanto quando nos perguntamos se Facebook ou Google são muito invasivos e colocamos como meta a proteção inegociável de nossa privacidade.
Pelo raciocínio de Hannah, estamos querendo apenas nos proteger de ser alguém.