Escreve Hélio Schwartsman, na Folha de S.Paulo (e reproduzo por assinar embaixo).
“Foi só o STF declarar a inconstitucionalidade da exigência de diploma de jornalista para o exercício da profissão que políticos de todos os naipes se articularam para reintroduzi-la, dessa vez via emenda constitucional. Se a proposta que tramita no Senado for em frente, o mais provável é que volte a ser analisada pela corte, com boa chance de ser derrubada outra vez.
A insistência com que se volta ao tema, porém, é reveladora de um dos grandes problemas do Brasil: assombrados por um espírito levemente fascista, não nos vemos como cidadãos de uma República, mas como representantes de uma determinada categoria profissional ou segmento social que seria detentor de “direitos naturais”. Nesse esquema, a ação política consiste em inscrever em lei as reivindicações oriundas desses “direitos” e esperar que o Estado as implemente. Viramos o país das corporações.
A dificuldade é que, como todo mundo faz o mesmo, o arcabouço legislativo se torna uma barafunda de reivindicações sindicais promovidas a norma geral. Elas são tantas que fatalmente se chocam. É nesse contexto que se inscrevem as guerras entre médicos e enfermeiros em torno das casas de parto ou entre psiquiatras e psicólogos pelo direito de diagnosticar. Pior para os pacientes e para a sociedade.
Para provar que não exagero, uma rápida consulta às bases de dados do Congresso revela dezenas de projetos de regulamentação de ofícios.
Apesar de a Constituição afirmar que a regra geral é a do livre exercício de profissões, legisladores buscam regular (e, portanto, restringir) as carreiras de modelo de passarela, filósofo, detetive, babá, escritor, cerimonialista, depilador etc. Já resvalando no reino da fantasia, busca-se também disciplinar a ocupação de astrólogo e terapeuta naturista.
Pergunto-me como nossos parlamentares puderam esquecer de Papai Noel e das indispensáveis fadas.”
Já que a regra é advogar em benefício próprio: esse cara é bom. Logo, é bacharel em filosofia.
Hahhaa, isso, eu ia mandar um “o filósofo Hélio…” mas resolvi deixar pra lá…
Nossa, que bobagem. Sem desmerecer a sua importância ou a do colunista, trabalha “com” quem está apto “a”. A luta por direitos é fundamental à democracia e sempre fez parte da história do trabalhador. Sofisticar e dar direitos, seguranças e garantias é um avanço social. Mas eu acho que vocês criticam porque querem ser os punks da profissão, a galera do contra. Respeitável – e apenas isso. Não concordo. Defendo quem estuda, se forma, se dedica, pesquisa, se qualifica para uma coisa. E como o STF é uma reunião dos irmãos metralha, estranho vocês avaliarem tão positivamente o posicionamento deles. Esse mesmo STF faz bizarrices legais, é lugar de oportunismo…. principal motivo por eu ter abandonado o direito.
Camila, também defendo quem estuda, se forma, se dedica, pesquisa e se qualifica para alguma coisa. E isso nada tem a ver com a graduação no curso de jornalismo. Precisamos de muito mais background do que simplesmente exigir essa formação capenga . De minha parte, luto para melhorar a formação de quem deseja trabalhar na área. Espero estar conseguindo.
bjs
Eu te conheço e sei bem disso. Meu próximo passo é cursar mestrado porque me preocupo com a formação dos jornalistas. Mas é por isso que defendo a profissionalização total e regulamentação – com o uso do diploma (mas um diploma com peso, garantido por cursos de qualidade). As leis não servem apenas para restringir, mas para proteger também Acho que este link mostra um caso novo e que vai se tornar comum daqui para frente. É para pensarmos realmente em direitos e garantias. http://blogs.estadao.com.br/radar-economico/2011/12/08/blogueira-e-condenada-a-indenizar-grupo-financeiro-em-us-25-milhoes/
:-*
conheço o caso da blogueira, mas aí é filigrana jurídica. Não é pra isso que serviria um diploma de jornalismo, não?