O livro “A territorialidade e a dimensão participativa na ciberdemocracia”, de Marcia Carvalhal, já está disponível para download.
A obra introduz o conceito de ciberterritório “como sendo o produto das relações obtidas da hibridez dos espaços físicos e virtuais com interface das tecnologias digitais, que, ao propiciarem uma arquitetura de participação jamais vista em qualquer outra fase da história, podem estar permitindo o alargamento da participação democrática”.
Tudo bem, mas o espaço físico e virtual é absolutamente o mesmo. E (isso ainda carece de uma investigação científica mais aprofundada) participação democrática, positivamente, não é o que a vida conectada parece oferecer.
Ao contrário, a internet tem se revelado o palco da intolerância e da ausência de diversidade de opiniões. Quem se atreve a enfrentar isso é massacrado.
Além disso, os personagens na rede ainda são muito restritos (no Brasil, só 74 milhões acessam a rede).
Que democracia é essa?
Realmente, essa ideia de “ciberterritório” não cola, pois o espaço e o território são construídos socialmente, com ou sem internet. Só seria aceitável o tal “ciberterritório” quando for possível um teletransporte que nos transforme em bits.
Outro problema da definição é atrelar o uso das tecnologias digitais à dimensão política somente. Além disso, se é que existe uma abertura à participação política nunca antes vista na história, então não é pela internet em si, mas por meio do contexto socio-político em que ela surgiu.