Meu mestre e amigo Paco Sánchez, já entrevistado neste site, está em São Paulo e encontrou tempo, entre as atividades no Curso de Focas do Estadão e o Master em Gestão de Empresas de Comunicação, para papear num agradabilíssimo almoço e descobrir o poder da alcatra, esse corte bovino bem mais suculento que a picanha, porém com muito menos marketing.
Isso sim surpreende, por que Paco, diretor editorial do jornal La Voz de Galicia _diário espanhol de 128 anos_ é um antigo frequentador do Brasil (ultimamente tem vindo até cinco vezes por ano ao país) e já deveria saber que a alcatra, benfeita, é muito melhor que a picanha.
Entre uma garfada e outra Paco me conta que vários jornais espanhóis (os de primeira linha incluídos) têm terceirizado o quanto possível o segmento industrial do negócio _impressão e distribuição, notadamente. Motivo: focar o core business, ou seja, fazer um produto jornalístico de qualidade, o que por si só já é caríssimo.
Se pensarmos que o orçamento industrial responde por cerca de 40% dos custos de um produto impresso diário, faz todo sentido. Uma empresa jornalística não deveria ser, necessariamente, administradora de uma gráfica e de uma empresa de logística e distribuição.
Se o jornalismo se ater mais a fazer jornalismo, nossas chances de sobrevivência passam a ser bem maiores.
Alec,
Parece uma boa ideia. Mas, uma terceirização da parte industrial do jornal não empobreceria o produto final?
Afinal, acontece em tantas outras área.
Henrique,
Não creio. O produto final depende de trabalho intelectual e esforço jornalístico. Imprimir e distribuir jornal não é, convenhamos, um trabalho jornalístico, né?
abs
Concordo com os amigos, terceirização do jornal próprio, cria além de uma dependência gráfica uma possível queda de qualidade. O ideal é usar o tempo ocioso das rotativas e vendê-la para produtos de terceiros.
abs
Rogério,
É uma boa ideia tb, em boa medida os jornais brasileiros têm feito isso (otimizar o tempo ocioso com trabalho para terceiros). Mas contibuo não enxergando onde a terceirização de impressão e distribuição colaborariam para a queda de qualidade do produto jornalístico. Pelo contrário, acho que o aumentaria, pq de fato a empresa pode dedicar muito mais tempo a seu core business.
abs