Em sua última coluna “O Presidente Responde” (publicada numa centena de jornais) de 2009, Lula é indagado por um cidadão com a seguinte questão: “Nos anos 90, o sr. dizia que se eleito acabaria com o monopólio da mídia. Por que o sr. ainda não cumpriu o prometido?”
A resposta é um soco no estômago da grande mídia.
“Não há dúvida de que o monopólio da mídia não é bom para a democracia. Aliás, a Constituição é clara: ‘Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.’ Mas cabe ao Congresso regulamentar os mandamentos constitucionais.
As próprias mudanças econômicas e sociais, no entanto, vêm provocando transformações na comunicação social no Brasil. Há cinco anos, os jornais tradicionais do eixo Rio-São Paulo estão estacionados em 900 mil exemplares, enquanto os jornais das demais capitais cresceram 41%, chegando a 1.630.883, os jornais do interior subiram 61,7% (552.380) e os populares cresceram nada menos que 121,4% (1.189.090).
O panorama se repete com as emissoras de rádio e de TV. No Congresso, está tramitando o Projeto de Lei 29/2007, que normatiza e amplia a oferta de TVs por assinatura, o que vai aumentar a concorrência e favorecer os assinantes.
Esse fenômeno se deve às mudanças da sociedade, mas também às ações do governo, que vêm reduzindo as desigualdades regionais.
O governo federal também tem promovido uma desconcentração das suas campanhas publicitárias. Até 2003, elas eram centradas em apenas 499 veículos e hoje alcançam 5.297 órgãos, um aumento de 961%.”
A questão da distribuição do cobiçado bolo publicitário do governo federal foi tratado, numa determinado momento, como espécie de “Bolsa-Mídia” do lulopetismo, chegado a repartir renda em troca de alguma coisa.
Porém fica difícil atacar a descentralização. Ela é sempre positiva. Restou, de 2009, essa sensação de que a imprensa regional pode sobreviver em meio à crise do jornalismo em papel. Desde que isso não custe a sua independência, sou a favor.