O jornalismo financiado pelo público finalmente chegou à grande imprensa. Cerca de 100 doadores colaboraram com dinheiro para que se concretizasse reportagem de Lindsey Hoshaw, publicada pelo New York Times, sobre a catástrofe ambiental provocada pelo lixo numa região bem específica do Oceano Pacífico.
A proeza é do Spot.us, organização sem fins lucrativos que aposta na ideia de que os leitores são os maiores interessados no trabalho jornalístico e, logo, teriam interesse em bancar reportagens.
Foi a entidade, criada por Dave Cohn após ganhar uma bolsa de US$ 370 mil, quem intermediou a negociação com o Times e garantiu a publicação da matéria numa vitrine privilegiada.
O jornalão se interessou de imediato pela reportagem, mas, como sempre, desde que não metesse a mão no bolso.
É um grande dia para os que acreditam, como eu, em novos modelos de financiamento para o combalido jornalismo.
Grande dia para nós! Parece que as colaborações podem mesmo vir além do conteúdo. Isso pode ser uma boa notícia ao OhmyNews e a outros noticiários (colaborativos ou não) que ameaçam fechar as portas.
Beijo!
Ana,
Lembra que até já discutimos isso, né? A questão central dessa aspecto é a cultura da doação. Tente fazer uma vaquinha com leitores no Brasil e veja no que vai dar… Nos EUA, que têm essa coisa arraigada, ainda funciona. Na França, por exemplo, onde a relação das pessoas com dinheiro é extremamente complicada, jamais rolaria. Mas concordo: é um grande dia, é um marco. Isso sim tem de ser festejado.
bjs!
O único problema é que a matéria é meio… pobrinha. Dá uma conferida nessa análise, concordo com praticamente tudo: http://www.cjr.org/the_news_frontier/trash_compactor.php
Alex,
O triunfo do jornalismo financiado na grande imprensa é, sem dúvida, um grande momento numa etapa de transformação e busca de novos modelos de negócios. Isso, porém, não é garantia de melhora de qualidade editorial. Vai daí que exatamente essa é a questão principal: de que adianta buscar novos modelos de financiamento para o jornalismo, se nossa produção for pífia? Ótima contribuição a sua para o debate.
abs
Alec,
No início das rádios no Brasil, era comum o financiamento pelos ouvintes. Eram sócios-cotistas que mantinham a empreitada no ar. Portanto, não estão inventando nada de novo…
Ariadne Gattolini
Ariadne,
Muito bem lembrado. É exatamente por conta disso que há várias emissoras ainda em funcionamento no país chamadas ‘rádio clube’. Tratava-se exatamente disso, de um clube de ouvintes que bancavam a programação. Aliás, nesse primórdio, ter um rádio era como comprar um carro: exigia um registro junto ao governo.
Velhos tempos…
bjs