Tenho conversado bastante, com o jornalista e professor Alberto Cairo, sobre o que ele denomina de “tirania do texto” nas narrativas jornalísticas na internet. É fato: são pouquíssimas as iniciativas que apostam em outras peças do jogo para contruir um relato noticioso.
Nós, jornalistas, parecemos ter um pouco de medo de nos livrarmos dos caracteres que decifram uma história jornalística. Provável sinal de que ainda não estamos seguros ao usar recursos visuais como o vídeo e infografias. Tirando as exceções de praxe, somos conservadores. Demais.
Mas Michael Gold, da editora que publica, entre outras, a revista PC World, tem uma visão bastante específica sobre o assunto. E coloca o texto acima de tudo. Segundo ele, a audiência é “preguiçosa, egoísta e impiedosa”. Gold cita um dado impressionante da navegação em home pages: que ela não passa de 30 segundos por usuário até o próximo clique. É nosso público querendo chegar o mais rápido possível ao ponto que lhe interessa.
Para isso, o texto é fundamental. E o argumento se baseia na busca, feita por palavras. E a busca é o principal acesso a tudo na internet hoje.
Num vídeo muito curto (menos de dois minutos), ele mostra algumas opções para satisfazer a essa audiência. Como usar títulos em no máximo 65 caracteres, e imagens menos pesadas nas páginas (evidentemente para acelerar o acesso ao conteúdo).
É aquela história: nada é certo ou errado. Tudo pode ser usado num determinado momento. Eu sou um dos defensores do jornalismo visual e de novas experimentações. Mas é inegável a clareza e objetividade que o (bom) texto podem proporcionar aos nosso clientes.
Lembro dessa questão da busca quando fazia uma disciplina na graduação em Biblioteconomia que era Informação eletrônica e depois uma de Navegação Hipertextual.
Realmente o tempo entre um clique e outro é muito curto, e as pessoas tendem ir logo para o que interessa, mas o equilíbrio entre texto e outros recursos visuais é uma forma de minimizar esse problema. Dessa forma, mantém-se o leitor acessando determinando conteúdo. Nem o extremo de somente texto ou o extremo só dos recursos visuais.
Abraços!
Cara, vc tá ficando radical, em!? Risos! Depois de querer pulverizar o papel, agora vc quer exterminar o texto (risos). Na verdade eu concordo com vc, falta explorar muitos recursos visuais. Mas existe um motivo pra permanência e persistência do texto: é por ele que transmitimos ideias e conhecimento. Lembra o que aconteceu na Idade Média, qdo ninguém sabia ler e escrever? =D
Hahahahah, Ana, você pega no meu pé, né? 😉
Eu não, eu acho o texto “the King”, é por onde a gente começa e termina. Concordo que é via ele que transmitimos ideias e conhecimentos. Foi só um contraponto, aquela mania minha de fazer o papel de advogado do diabo…
bjs
Alec, concordo plenamente com você. A participação do texto é essencial para buscadores, mesmo quando queremos fazer narrativas interativas. E estamos na internet produzindo sempre com a pressão da atualização, tentando chegar antes, mas sem saber onde é a linha de chegada. Acho que muitas vezes misturamos agilidade com pressa. E na pressa, o texto acaba resolvendo melhor as coisas. Mas isso, tenho certeza, vai mudar.
Grande Lüdtke,
A palavra ainda tem um poder muito forte, né? Mas já foi bem pior. Eu também aposto nesse cenário que você pinta. As novas narrativas jornalísticas certamente tendem a abandonar essa dependência extrema do texto.
abs