Olha só como os jornais singram sem rumo: o ABC, um dos maiores periódicos da Espanha, acaba de colocar no ar uma hemeroteca digitalizada com todas as edições de seus 118 anos.
É o típico produto que pode ser cobrado na web, um plus que os usuários interessados pagam felizes da vida.
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Recomenda-se apenas uma edição temática para reunir, num mesmo pacote, matérias relacionadas (exemplo: a cobertura da Guerra Civil Espanhola, ou 100 textos de um determinado articulista notório etc).
Mas não: o trabalho brutal de digitalizar tudo, algo inimitável e que pertence apenas ao ABC, está aí, disponível de graça. Enquanto isso, o jornal quer cobrar por hard news, que todo mundo tem.
Vai entender.
Alec,
A revista Veja também disponibilizou o acervo digital grátis, gastando 3 milhões de reais patrocinada pelo Bradesco (recebi por e-mail).
Abraços!
Pois é. E cobra o conteúdo semanal. Fosse aberto, oferecendo o acervo digital como plus… Será que não conseguiria mais adesões na web?
Com certeza sim!
Vai entender a mentalidade desse povo.
Vou te encaminhar por e-mail.
Boa análise Alec! Contudo, essa cobrança precisa ser muito bem pensada. Por exemplo: será cobrada uma “assinatura mensal” que dá acesso a todo o conteúdo ou cobra-se por determinada edição? Talvez a assinatura não fosse uma opção muito viável, considerando que o conteúdo seria voltado mais à pesquisa. De repente poderia ser algo do tipo: tenha acesso a 10 edições de sua escolha e pague tanto. Enfim, é preciso criar uma boa estratégia.
Grande abraço!
Amanda,
O modelo discutido e que deverá ser colocado em prática no ano que vem é o do micropagamento, ou seja, uma cobra~ça simbólica (ninguém sabe quanto, mas chuta-se US$ 0,50) por texto lido.
Absurdo, né?
abs
O caso da Veja é um pouquinho diferente. A Abril não “cobra” mais por acesso ao conteúdo. O RC liberou geral quando o NYT também abriu, em 2007. O que ocorre é que nem todo o conteúdo do impresso está no site – o que me parece, até certo ponto, coerente, já que jornalismo transpositivo é uma praga do século passado.
Quanto ao ABC, certamente a estratégia de cobrar por commodities está errada. Mas não creio que cobrar pelo arquivo seja a salvação da lavoura. Um paga e libera a tantos outros que não se dispõem a pagar. Ontem mesmo tu mostrastes, Alec, que só 5% do público se dispõe a pagar por conteúdo, né?
beijo!
Ana,
Também acho que não se trata da salvação da lavoura, apenas uma possibilidade de produto que poderia funcionar no sistema pago. Ora, o próprio ABC reconhece que se trata de conteúdo único. Logo, tudo a ver monetizá-lo na web. Agora, a possibilidade de que ele seja distribuído livremente logo depois é real. Eu diria que tem 100% de chance de ocorrer. É por isso que paredão pago não funciona, né?
bjs