O que uma empresa jornalística pode aprender com a indústria pornô? Muita coisa, a julgar por matéria desta semana da NY Mag, a revista do New York Times.
O ponto de partida é reportagem do Los Angeles Times que dá conta de um sério declínio de faturamento, com o avanço tecnológico, de empreendimentos pornográficos por causa da distribuição farta e desenfreada de material gratuito na internet.
Crise, por sinal, idêntica à que passa a indústria do jornalismo em papel. Tanto que um executivo do ramo do entretenimento adulto citado pelo LA Times fala coisas que poderiam muito bem ter saído da boca de um diretor de redação qualquer. “Nunca tinha passado por nossas cabeças que competiríamos com pessoas que simplesmente fazem as coisas de graça”. É, o mundo mudou para todo mundo…
A indústria pornô, porém, está sendo mais rápida para se adaptar e recuperar capital. Como? Valorizando o que tem de melhor: seu elenco. Apostar no diferencial de profissionais talentosos e vendê-los ao mercado num pacote que inclui todas as suas incursões, de presença em festas e licenciamento de produtos a, claro, as vias de fato em cobiçados vídeos _estes não necessariamente o produto de maior arrecadação.
No jornalismo, sugere a NY Mag, grandes corporações deveriam fazer o mesmo com seu staff. Valorizar e administrar a carreira de promissores repórteres, gerenciando todo seu potencial criativo _em iniciativas multimídia, livros, palestras, carreira acadêmica etc.
É uma posição gerencial personalista, que não defendo, mas que parece estar funcionando no caso da indústria pornô, que criou astros e estrelas e agora fatura com o desejo por eles.
Mas notícia é perecível e descartável numa velocidade muito maior que pornografia (ou música, cujo modelo iTunes sempre é erroneamente citado como exemplo do que deveriam fazer os jornais).
Mas é uma estratégia.