O episódio da demissão de Vanderlei Luxemburgo do Palmeiras mais uma vez exibiu um aspecto importante do avanço tecnológico que provocou mudanças profundas no exercício do jornalismo.
É, talvez, a principal consequência da era da conversação e da publicação pessoal: cada cidadão possui, agora, sua própria imprensa. E pode se dirigir ao público sem a necessidade de utilizar a imprensa como filtro dos acontecimentos.
Foi assim com o ex-treinador do Palmeiras: à 0h44 de sexta para sábado, ele decidiu tornar a dispensa pública num canal pessoal (no caso, seu blog) _pouco depois, recorreu também ao microblog para dar a mesma informação.
A partir daí, foi a imprensa, vendida, quem saiu correndo atrás da bombástica informação.
Só para se lembrar que hoje não possui mais o monopólio sobre a notícia.
Alec,
Muito bem notado.
E, em épocas de questionamento de diploma, isso só revela que o futuro do jornalismo é cada vez mais retornar à sua origem: apuração, análise e confronto de dados, fatos e versões.
Porque no blog do Luxemburgo eu só vejo a versão dele. Mas em um noticiário (desculpe, não usei a palavra “jornal” por ela remeter demais ao papel) posso e devo ver a versão de Luxemburgo em contraste com outras.
Isso software nenhum faz (ainda, talvez).
E é exatamente por isso, pela importância que o estudo e a prática do jornalismo no contexto da comunicação social, que acredito na profissão e no curso superior.
Abraço,
Madu
Madu,
Concordo integralmente. Assim que Luxemburgo postou a notícia, qual foi nossa reação, a da imprensa profissional? Procurar (acordar, na verdade) dirigentes do Palmeiras que confirmassem a reunião e a demissão. E daí sim escrever uma matéria.
Sobre o ensino do jornalismo, claro: tb vejo um futuro brilhante pra profissão. Ensinar a cruzar dados e versões, mostrar como se liga os pontos, enfim, discutir técnica… isso não surge do nada, nem creio q surgirá.
abs