Michael Jackson morreu. Isso sim é notícia. É seguramente o morto mais ilustre (no sentido de alcance global) da minha existência como jornalista, iniciada em 1990. Gênio e louco, teve uma relevância incrível.
E foi uma morte, apesar de inesperada, lenta. Começou com a notícia da internação às pressas, após o cantor ser socorrido “sem respirar” por paramédicos. Às 18h06 já havia matérias sobre o assunto, que bombou na web nos minutos seguintes.
Leia notícias sobre a morte de Michael Jackson
Às 19h20, o site norte-americano TMZ, que cobre celebridades, cravou o passamento (é o pior eufemismo possível para morte). O Twitter, essa máquina de rumores que espalha o mal e o bem, tornou celébre o desconhecido TMZ _propriedade da Warner Bros., um cachorro grande do entretenimento.
Eu diria que foi chute, mas tecnicamente tem de ser considerado furo. E coube ao TMZ a primícia. O site, criticado por incentivar o trabalho de paparazzi mas que possui no currículo outros furos, foi quem noticiou primeiro a tragédia.
Em 17 minutos, o Los Angeles Times, em post publicado num blog de música do jornal, dava a mesma informação. O LA Times ainda tentou, numa sacanagem clássica da internet, se apropriar do furo, atualizando a matéria que falava da internação _publicada uma hora e catorze minutos antes (repare no link da URL, que traz o título original e entrega o truque).
Depois, como ficou feio, o jornal colocou um “update” logo após o título (modificado) que sentenciava a morte do astro do pop.
Só quando o LA Times deu, a CNN virou seu título na tela, citando o jornal e falando em morte (até então, o máximo que se tinha chegado era “coma”). Eram 19h43.
Mas faltava a confirmação oficial. Não, não a de médicos ou legistas, num comunicado oficial. Faltava a chancela da imprensa formal. Ela veio apenas às 20h22, quando a CNN confirmou o óbito com fontes próprias e, enfim, assumiu a informação.
O Jornal Nacional já estava no ar, com os apresentadores fazendo o possível para manter em voo um Boeing sem combustível. Só às 20h29, um minuto antes de entrar no ar o programa gratuito do PSDB (escancarando a vocação do partido em ser figurante), William Bonner, citando a CNN, deu a notícia da morte de Jackson.
A parada do telejornal se mostrou providencial. Às 21h01, entrou no ar último bloco do programa, editado de forma bem satisfatória. Repare no final: Fátima Bernardes errou, dizendo que a emissora daria novas informações “a qualquer momento ou no Jornal Nacional”, no que foi socorrida pelo marido, “no Jornal da Globo”, disse Bonner, que foi além: “Estamos todos abalados com a notícia de última hora”.
Pano rápido.
Hoje é o dia de ver como os jornais impressos vão se sair. Minha única certeza é que quem não manchetou com o assunto cometeu um erro grotesco. Dois jornalões não tinham feito isso até a hora que vi… E outro, ainda aguardo confirmação porque só acredito vendo, teria perpetrado “Peter Pan morreu”.
Se você leu essa manchete em algum lugar, me avise com urgência.
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Adoro conferir as capas dos jornais depois de um grande evento de repercussão mundial.
Quem manchetou: Folha (SP), Jornal da Tarde (SP), Estado de Minas (MG), Hoje em Dia (MG), Zero Hora (RS), Jornal do Brasil (RJ), A Tarde (BA), Jornal do Commercio (PE), Correio Braziliense (DF).
Quem não manchetou: O Globo (RJ), Estadão (SP), O Tempo (MG).
Está infernal a conexão à web para liberar os comentários. Tento voltar um dia…
“É seguramente o morto mais ilustre (no sentido de alcance global) da minha existência como jornalista, iniciada em 1990.”
E o papa João Paulo 2º?
Rodrigo,
Eu entendo que MJ é mais célebre e relevante que o Papa. Ou não? Ao menos é a sensação que tenho. O papa representa uma religião específica, sem alcance global. Juro que tinha pensado nele antes de escrever…
abs
Rodrigo… amava o Papa… mas não podemos ser passionais… MJ foi sim o mais ilustre do mundo (no sentido do alcance global) pq ele era o homem mais conhecido do Mundo e isso não dá para se negar. Não esqueçamos que MJ se manteve na mídia por quase toda a sua vida… ou seja.. por no mínimo, 40 anos. O Papa era tb muito conhecido, mas não tanto e nem por tanto tempo. MJ foi um fenômeno mundial. Tudo dele era 1º e isso, não há como negar, é apenas constatar nos índices e no Guinness.
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É claro que o editor do TMZ não vai admitir que chutou, mas de qualquer forma o site diz que deu a notícia após confirmação e que conseguem informações sobre celebridades primeiro pois tem muitas fontes entre polciais, enfermeiros etc. ( http://www.guardian.co.uk/media/2009/jun/26/michael-jackson-tmz-scoop )
quanto à “importância” da morte, concordo que a do MJ é mesmo a mais importantes dos últimos tempos. acho que, para brasileiros, a única que superaria seria a do lula.
Eu discordo do Gabriel acho q a morte que superaria no Brasil, seria do Rei Roberto Carlos ou do Silvio Santos.
Karin,
Creio que mesmo Renato Aragão e Pelé, claro, empatariam em comoção.
Olá publiquei esse texto nos meus blogs, com os devidos creditos. Caso queira retiro.
http://mjforever.wordpress.com/
http://mulherpobre.blogspot.com/