
O falso anúncio dos leitores no NYT
O engajamento da audiência (ou melhor, da ex-plateia) definitivamente mudou o fazer jornalístico. Não só mudou como, em alguns casos, o influenciou diretamente, criando ruídos contestatórios e evidenciando que seu poder não é mais o mesmo.
Só que muitas vezes essa audiência serve a interesses, inclusive de governos que, nas sombras, agem bancando seus devaneios.
A ONG “For the Next Generation” voltou a fazer barulho ontem, ao publicar no New York Times um anúncio que repara um mapa publicado pelo jornal _a questão é toda política e envolve o nome de um quase golfo entre as Coreias, China e Rússia, além do país que lhe dá o nome mais usado.
O NYT escreveu Mar do Japão, o ONG briga pelo uso de Mar do Leste. Daí a provocação.
Não foi uma novidade: em 2005, a entidade publicou anúncio semelhante no The Wall Street Journal. É seu modus operandi.
No caso mais recente, ela diz que foram 94.966 doadores que bancaram o anúncio, cujo valor não foi revelado (mas gira em torno de US$ 60 mil), quase todos coreanos.
Aqui se trata de massa de manobra, não de uma manifestação espontânea da ex-plateia. Apenas para que os registros de uma conduta induzida e politizada não sejam confundidos com a legítima participação do público no jornalismo formal.
Nada de novo, afinal, o NYT já publica seus artigos com interesses camuflados. Neste caso, a diferença é que foi em um anúncio.
Carlos, apenas para que não se registre nos anais uma manifestação espontânea, inverídica, do público.
Sim, e até concordo com esta idéia, mesmo que não seja espontânea. Fizeram o mesmo com a publicação de propaganda do Firefox, por exemplo. Afinal, é o espaço da propaganda, não conflitando com a julgamento do dono do jornal, ou no caso específico, dos acionistas; é correto aprová-la.
Só acho curioso que o NYT tenha feito isso, por causa dos artigos em geral, onde não aceitam mobilizações desse tipo em geral. Foi só pelo pagamento pelo espaço da propaganda?
Avisem os coreanos que o tal pedaço de mar deveria se chamar “Mar do Oeste”, pois em alemão o Báltico já é chamado de Ostsee, que justamente quer dizer Mar do Leste, e está “patenteado” há mais tempo. Ou seja, de qualquer forma os nipônicos ganharão.