Jeff Bercovici levanta, no Portfolio.com, um tema bacana e que está relegado ao último plano no Brasil (pouca gente se debruçou sobre ele, essa é a verdade): o wikijornalismo.
Duvido que Bercovici saiba do que se trata, mas seu clamor por maior transparência no jornalismo on-line _especificamente para que sites e portais exibam a seus leitores todo o histórico de uma reportagem publicada na Web, com suas atualizações e correções_ seria resolvido exatamente com isso, um wiki.
Em suma, um texto em código aberto passível de ser atualizado por qualquer um, e cujas alterações ficam registradas usuário após usuário. É o modelo que vemos, por exemplo, na Wikipedia.
Um cara que estudou esse negócio a fundo é o professor inglês Paul Bradshaw, que chegou a imaginar a proposta substituindo, por exemplo, a blogagem. Não prosperou, mas o debate ainda está de pé.
Só um wiki poderia atender a contento à proposta de Bercovici. É como comenta um editor do jornal inglês The Times no texto: “nossas páginas se transformariam numa enorme confusão”. Sem dúvida: imagine palavras riscadas ou parágrafos inteiros com indicações de alterações, títulos duplicados porque foram alterados… enfim: inviável.
Colaboraria com a transparência do jornalismo on-line conhecer que mudanças um texto na Web passou ao longo do dia? Provavelmente. Isso, entretanto, não exclui a necessidade de correções (e ainda são poucos os sites relevantes que possuem uma lista de notícias só para abrigá-las _isso sim é falta de transparência, não?)
Agora, e para não perdermos a discussão de vista, cito o wikijornalismo não como um espaço de convivência pro-am, ou seja, entre jornalistas profissionais e cidadãos.
Não vejo, ao menos no Brasil, maturidade para este modelo no momento. Logo, esse nosso “wiki transparente” seria capenga e teria de ter restrições de acesso. Mas seria uma opção a uma página incompreensível e cheia de rabiscos.
ATUALIZAÇÃO: Protegido pelo muro do conteúdo pago, o texto de Jeff Bercovici pode ser acessado via máquinas de busca.
a falta de transparência é algo que realmente não funciona no jornalismo online. só colocar o aviso de “erramos” não resolve, é importante ter uma “prova” de que foi publicada uma informação incorreta.
mas o pior é ver como alguns jornalistas “da antiga” continuam agindo como se tivessem o privilégio da informação…
certa vez, corrigi um erro de uma matéria num blog duma jornalista aqui do RS. ela apagou meu comentário, corrigiu a notícia (sem nenhuma marcação de update) e ainda teve a cara-de-pau de me mandar um e-mail dizendo que eu estava enganada!
mas só pra avisar, alec, o link do paul bradshaw está quebrado…
perdão, o link do bercovici. o do bradshaw abre normalmente.
Tá vendo, Alec, pra quê diploma se na era do online qualquer um pode exercer o jornalismo? rs
Carol,
Sou contra a exigência de diploma específico para o exercício do jornalismo. Ainda mais nessa era, a da publicação pessoal. É inócuo pensar nisso. Fora que apurar/redigir/difundir notícias é direito fundamental da pessoa.
bjs
hummm… mas isso não é o Wikinews?
abração!
Ana,
A família wikinews, sem dúvida, é isso ae. Mas vc enxerga a transposição disso para uma notícia de um, digamos, portal, exibindo todas as atualizações/edições feitas pela redação? É mais transparente?
bjs