JT demite repórter que ‘esquentou’ entrevista

O jornalismo, como todas as profissões, tem liturgia e códigos próprios. Muitos deles difíceis de explicar, como o senso geral que faz o meu jornal e o seu (mesmo confeccionados a léguas de distância e sem contato entre si) serem tão parecidos no dia-a-dia.

O Jornal da Tarde demitiu ontem um repórter que omitiu, ao vender a pauta para sua chefia, o estado da apuração do material. Trata-se de uma entrevista com a ex-vedete Tônia Carrero. A conversação é anódina, por sinal.

O motivo da demissão foi publicado pelo jornal na edição desta sexta-feira. Registre-se, não se trata de expediente inédito _outros jornais já desligaram profissionais publicamente.

14 Respostas para “JT demite repórter que ‘esquentou’ entrevista

  1. Duarte,
    sou jornalista, com mais de vinte anos nas costas de experiência de jornal diário. Atualmente, sou editora de uma revista bimestral de tecnologia móvel e editora-assistente de outra publicação mensal sobre computação e co-autora do Nomadismo Celular http://nomadismocelular.wordpress.com.
    Sinceramente, não sei se é o caso de demitir um profissional por conta de um erro tão grotesco. Mas, de vez em quando, jornais querem caçar suas bruxas ou pode ser que a entrevistada tenha reclamado. Fazê-lo publicamente tem um peso muito grande. Talvez também o jornal queira se isentar do erro.
    Quanto ao autor do material requentado, sinto muito. Regra básica ele deve conhecer. Quer requentar uma pauta ou uma entrevista? Não custa nada, é obrigação, dar um telefonema, mandar email. Jornalismo requentado sempre existiu. Agora pra requentar, tem de acender o fogo. Não basta servir o prato frio e dizer que é fresco.
    E já que você usou a tab bom senso, vamos lá: existem mais de 6 bilhões de bons sensos no planeta. O que indica que é bem subjetivo.

    Parabéns pelo seu trabalho.
    Abs,
    Mari-Jô Zilveti

    • Olá, Mari-Jô

      Não sei se valia demissão, mas certamente demissão pública não. Outro fato que me intriga: a entrevista era anódina (não tinha a Tônia Carrero dizendo ‘quero me matar’, por exemplo). Portanto, desqualifico essa versão de que o jornal desconfiou e procurou a assessoria da ex-vedete.

      abs

  2. Duarte,
    eu também acho que o jornal quis fazer muito barulho por nada. Crucificá-lo. A entrevista pode ser anódina. Mas era obrigação do repórter rechecar a entrevista. Mesmo se ela tivesse um mês. E se ela desistiu de aulas com personal. Não importa. POdia ser o pedreiro da obra da esquina. Isso é básico.
    Acontece que há vários profissionais, não apenas jovens, que não seguem esse princípio básico: checar e rechecar a informação. E se ela tivesse caído e estivesse doente? E se tivesse mudado de idéia. Enfim. Estou chovendo no molhado.
    O jornal talvez já estivesse desconfiado dele. Ou editor quisesse queimá-lo de vez.
    Enfim, será que ele vai aprender? Não sei.
    Seguramente, essa história vai passar e ele voltará a trabalhar em outra editoria em outro jornal ou revista.
    Espero que ele aprenda de uma vez a checar informações.
    Eu, na condição de editora, não confiaria em alguém que vende pauta velha e não se dá ao trabalho de rechecar.
    Abs

    • Olá, bem-vinda de volta!
      Tem coisa pior rolando por trás da história: a primeira é que a entrevista JÁ HAVIA SIDO PUBLICADA há cerca de um ano. Ou seja, nem sequer era uma ‘esquentada’, foi uma cozinha braba do próprio material.

      Outro aspecto: em jogo estava uma folga no final do ano. Coisa do tipo “entrevistarei a Tônia Carrero no sábado, daí já mando a matéria de casa e nem venho pra redação”, saca? Então houve quebra de confiança mesmo.

      Ao Comunique-se, o repórter disse que achou a reação do jornal despropositada e que ela deveria ter parado “na demissão”. “Toda revista, jornal tem matérias de gaveta. Tomei o cuidado para que as informações da atriz fossem atuais”, disse ele.

      No mesmo texto, a diretora de redação do JT, Cláudia Belfort, diz que a desconfiança surgiu após a publicação do texto porque a equipe de “edição não estava trabalhando no plantão do fim de semana do Ano-Novo”.

      O Novo em Folha também deu a notícia e comentou o assunto.

      abs

  3. Alec, fica a impressão que foi um exagero a nota, apenas para crucificar e “queimar” o repórter ..

    • Thiago,

      eu discordo da demissão pública, mas a diretora de Redação do JT, Cláudia Belfort, deu uma boa justificativa. “Se o político que erra, se o funcionário público que erra, têm o nome publicado no jornal, por que não o jornalista?”

      abs

  4. Bom, mesmo assim, sou contra a crucificação. Isso é moralismo da dona Belfort.
    O que interessa, na minha opinião, é discutir por que raios um profissional acha que pode republicar uma entrevista. Se é que isso realmente aconteceu, como saiu no Comunique-se.
    Ok, os editores deveriam ter checado. Mas se o sujeito banca que tem uma entrevista na mão, por ue desconfiar? A folga estava em jogo? Ok, mas por que mentir? Por que bancar? Não existe buraco em página de jornal. Nunca. Sempre há material.
    A desculpa esfarrapada do sujeito dizendo que atualizou é pior ainda. Será que ele só mudou a idade, já que um ano tinha se passado.
    Ora, faça-me o favor.
    O que ele fez não é novo. Conheço outros profissionais que acham que não há mal nenhum. Já vi gente sendo mandada embora de outros jornais por ter usado depoimento de entrevista de um sujeito famoso que havia sido publicada anos antes. E não foi uma vez.
    Preguiça pura ou falta de caráter. Ou arrogância. A escolher.
    Imagine você, Alec, ter dado uma declaração uma ano atrás e eu usá-la sem te consultar. Pô em um dia, você pode mudar de opinião, o que dirá em um ano.
    Volto a reiterar: o JT crucificou o rapaz. Mas não dá para passar a mão na cabeça dele e dizer-lhe, não faça mais isso.
    Eu não conseguiria trabalhar mais com alguém que mente dessa forma. Perda de confiança total.
    Abs

  5. Tudo bem querer justificar um erro, afinal, é obrigação do jornal a transparência para com o leitor, mas dessa forma foi um exagero absurdo. Deveria ter parado na demissão. Levando em consideração que o jornalista trabalhava há oito anos na empresa, acredito que foi pura preguiça, não acredito em má-fé.

    • Thyago,

      Tendo a concordar com vc. A lição importante que fica aqui é: jamais tente dar uma de esperto, você será descoberto.

      abs

  6. As vezes já estavam querendo demitir, só faltava um motivo para a demissão.

  7. O JT exagerou na demissão pública, não devemos comparar um jornalista a um político ou com um funcionário público que é exonerado do cargo por má conduta. Ele realmente foi infeliz em publicar uma matéria fria, deveria ao menos checar as informações com a entrevistada e até mesmo pedir autorização para publicá-la novamente.
    Pode ser também, que o jornal estava esperando apenas um vacilo do profissional para mandá-lo embora e a falta de confiança gerou esse mal estar na redação.
    Princípio básico do jornalismo, isso nós aprendemos no início da faculdade: É preciso respeitar o código de ética.
    Se você falta com a ética, automaticamente você perde a credibilidade, a credibilidade é a base da nossa profissão.

    • Joice,

      A execração pública eu discordo frontalmente, é um absurdo. A demissão, isso já é uma prerrogativa do empregador.

      abs

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