A iniciativa da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, que no dia 11 de novembro vai debater a cobertura da imprensa no caso Eloá (a adolescente morta pelo ex-namorado após ser mantida por mais de 100 horas em cárcere privado em Santo André-SP), deve ser inspiradora do ponto de vista de como a sociedade pode fiscalizar seus jornalistas profissionais _função, afinal, pública.
Porém a motivação de quem sugeriu o debate (Ivan Valente, do PSOL-SP) também precisa ser acompanhada de perto. Pode não ser das mais nobres e, de alguma forma, querer se aproveitar um pouco do que ainda resta de palco e holofote sobre o trágico assassinato.
“Entendemos que a imprensa maculou o interesse público, inclusive a ética jornalística, pondo em risco a vida de pessoas. A mídia buscou de forma irresponsável a audiência a todo o custo”, disse ele. Não teria sido, portanto, a primeira vez que isso ocorreu. E certamente não será a última.
Se o debate público sobre o trabalho da imprensa se tornar freqüente (e abrangente) nas casas legislativas, é possível que a profissão ganhe um belo foro de discussão sobre temas que todo mundo de fora do jornalismo percebe e fica incomodado.
Nós, até pela freqüência deles, temos por hábito varrê-los para de baixo do tapete.