Arquivo do mês: julho 2008

Técnicas avançada de busca na Internet

Já combinamos que os mecanismos de busca são a home page da Web2. É por meio deles que encontramos diretamente aquilo que estamos buscando, e nos livramos da mediação meia-boca dos capistas dos portais.

Assim entende também o professor espanhol Ramón Salaverría, que está no Brasil para ministrar um curso que tem justamente como ênfase técnicas avançadas de busca na Internet.

Reparem no site que Salaverría montou e a quantidade de utilitários do Google que ele colocou ali.

Felizmente, ele não pára por aí: abrange agregadores e redes sociais, que são os “points” de encontro hoje na rede.

O presente do jornal nos EUA

Menos páginas, estoques baixos de papel e, conseqüentemente, matérias mais curtas. Redações menores, mais jovens (portanto, menos experientes), pressionadas e preparadas para atender às demandas dos produtos impresso e on-line.

Em linhas gerais são essas as descobertas de levantamento com 250 jornais americanos feito Project for Excellence in Journalism (PEJ).

Abstinência

É inegável que a busca pela palavra “sexo” turbina a audiência de qualquer um que se exiba na Internet.

Leopoldo Godoy, o dono do 8bitsemeio, admitiu outro dia que uma boa parcela dos visitantes de sua bitácora desembarca via seus raros textos sobre o tema.

Daí eu pensei: uma busca da palavra ‘sexo’ daria em que no Webmanário?

Eu já desconfiava.

Wikipedia debate oficialização da censura

A Wikipedia está considerando seriamente a possibilidade de ampliar os poderes de seus “admins” e, definitivamente, pôr fim à falácia da “enciclopédia livre”.

A idéia é introduzir a moderação, impedindo que qualquer edição (para verbetes novos ou já existentes) vá ao ar antes que um dos cães de guarda do produto de Jimmy Wales aperte o botão e dê seu ok. A justificativa é o vandalismo, um problema grave do site.

O assunto foi deliberado em Alexandria (Egito), onde rolou mais uma edição da Wikimania _espécie de desconferência que reúne fanáticos e obreiros da Wikipedia de todo o mundo. A novidade já está sendo testada na Alemanha e, diz o “The New York Times”, elimina a espontaneidade e a sensação de ausência de hierarquia que tornaram o site um paradigma da Web 2.0.

Na prática, a decisão vai apenas oficializar a censura já praticada corriqueiramente pelos “admins”, que na média são despreparados, desconhecedores do vernáculo, intolerantes, limitados e inviáveis para qualquer tipo de debate.

A diferença entre o que ocorre hoje e o que deverá passar a ocorrer é que alterações nos verbetes nem sequer chegarão ao site se os cães de guarda não concordarem com elas. Hoje, os “admins” são obrigados a correr atrás e eliminar edições que consideram impróprias.

Reportagem de 2007 da revista “Carta Capital” já alertava sobre a péssima qualidade do conteúdo publicado na Wikipedia _mérito, em boa medida, dos próprios administradores, que não têm estofo nem mesmo para editar uma redação escolar infantil.

Agora, com poderes ainda mais amplos, a coisa deve degringolar de vez.

Nem tudo é o que parece


Olhe bem para a foto acima. Agora olhe de novo: ela retrata um suicídio espetacular ocorrido há 61 anos, em Nova York.

Na época, Evelyn McHale tinha 23 anos e acabara de se despedir do noivo. Subiu, então, ao 86º andar do mítico Empire State Building, onde fica o deck de observação. E se jogou.

Deixou um bilhete no qual dizia que o rapaz seria mais feliz sem ela. “Não poderei ser uma boa esposa para ninguém”, sentenciou Evelyn.

No térreo, o estudante de fotografia Robert Wiles ouviu o estrondo assustador e captou a cena quatro minutos depois. Uma imagem sublime, de uma mulher serena repousada sobre o carro que o impacto de seu corpo acabara de destruir. Nem tudo é o que parece.

O obituário do “The New York Times” é sucinto. Fosse hoje, nem isso: no jornalismo, a publicação de casos de suícidio virou tabu. Dizem que inspira os menos corajosos.

Punidos por dar furos

Depois da patacoada da Polícia Federal, que chegou a pedir a prisão de uma jornalista que havia antecipado a Operação Satiagraha em matéria de jornal, outro repórter, este na França, corre o risco de ser punido por fazer seu trabalho: dar furos.

Bruno Thomas, da revista Auto Plus, está sendo processado pela Renault simplesmente por ter mostrado, numa reportagem, detalhes de um modelo que será lançado só daqui a três anos pela montadora francesa. A acusação, pasme, é de espionagem industrial.

Para piorar, a polícia vasculhou armários e gavetas da redação da revista, em Paris. Thomas corre o risco, se condenado, de passar cinco anos na prisão. A Renault já identificou o funcionário que passou informações ao repórter _ele também foi processado.

A Repórteres sem Fronteiras entrou na parada e questionou a detenção do jornalista por 48 horas, período em que ele foi instado a revelar sua fonte. “Mais uma vez, um princípio básico do jornalismo foi desrespeitado”, disse a ONG.

O mais triste dessa história, e voltando ao caso brasileiro: tem jornalista parcial e engajado político (uma vergonha, em resumo) que achou correto o pedido de prisão da repórter brasileira. São os “torcedores”, gente que não enxerga um palmo diante do nariz, e que precisa ser excluída com urgência da profissão.

Depois dizem que diploma de jornalismo é sinal de equilíbrio e imparcialidade…

O tal do jornalismo representativo

Uma empresa, um sindicato ou até mesmo um grupo de cidadãos contrata um jornalista para que ele paute e investigue temas de interesse dessa comunidade específica. Com base em suas reportagens, este grupo se sente mais forte para pressionar os governantes.

Em linhas gerais, é essa a idéia do jornalismo representativo, defendido pelo professor norte-americano Leonard Witt como uma possível saída para a crise de credibilidade por que passa a profissão.

Witt postou até um vídeo para explicar, com detalhes, sua idéia sobre a novidade.

Ainda não há literatura em português sobre o assunto, bastante recente. Prometo me debruçar sobre ele para, além de compreendê-lo, estabelecer uma conceituação. A idéia parece interessante, ainda mais nos EUA. Explico: pessoas no Brasil com as quais comentei o tema reagiram com uma indagação. “Ué, mas assessoria de imprensa não existe exatamente para isso?”

Deveria existir _não conheço assessoria que faça reportagem investigativa, normalmente é puxação de saco explícita mesmo. Mais: nos EUA, as funções de assessoria de comunicação são atribuições exclusivas de profissionais de relações públicas (o que está absolutamente correto, no Brasil sim é que houve distorção).

Uma lista de 15 bons sites jornalísticos

Já falamos outras vezes que comandar um site (seja ele pessoal ou não) nada mais é do que a possibilidade de estabelecer uma conversação com um público específico.

No caso do jornalista, conversar com o leitor é, além de tarefa obrigatória (as pessoas não nos vêem mais como uma espécie de oráculo montado num pedestal), uma ótima oportunidade de saber o que seu público-alvo pensa, colher sugestões de pauta, envolver sua audiência na apuração de uma reportagem, enfim, criar uma comunidade em torno de temas que você julga interessantes (e saber se, sob a ótica do leitor, são mesmo).

Neste aspecto, a relação de 15 bons sites jornalísticos pessoais, recomendada pelo Teaching Online Jounalism, é inspiradora.

Comentários sobre os comentários

A caixa de comentários, canal fundamental de diálogo na Web2, está na berlinda. Artigo da revista Time aborda o problema de forma frontal: vítimas de sua audiências, blogueiros e sites perderam o controle sobre o que dizem as pessoas que visitam suas páginas.

O texto de Lev Grossman dá exemplos de idiotices comentadas em redes sociais como Flickr e You Tube, cita o problema do anonimato na rede (já abordado neste Webmanário) e fala, com todas as letras, o que ninguém gostaria de ouvir: que hoje os comentários existem apenas porque significam tráfego (ou seja, audiência), não necessariamente para estabelecer uma via de conversação.

Ao mesmo tempo, o portal do “Estado de S.Paulo” anunciou uma correção de rota em sua política para ceitação de comentários (que demonstramos, em sala de aula, ser inexistente). Agora, todos deverão passar pelo crivo de um editor antes de ir ao ar.

Daí, é o tal círculo vicioso: quanto mais participação dos usuários, menos tempo hábil para habilitar as opiniões. É por essas e por outras que praticamente todos os portais noticiosos restringem a participação de seu público: por falta de tempo e pessoal para apertar o botão.

Este blog é contra a exigência do diploma para o exercício do jornalismo

Nas palavras de cartinha mandada circular pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) para pressionar os ministros do STF que votarão, em breve, sobre a necessidade do diploma em jornalismo para o exercício da profissão, eu não tenho compromisso com a construção de um jornalismo responsável e realmente cumpridor de sua função social.

Ok, entendo a posição desesperada da incompetente entidade de classe que, uma vez mais, está em vias de deixar escapar por entre os dedos aquilo que considera “conquista” da profissão. Agora, não posso deixar de, ao observar a relação de seus diretores, identificar ali um bando de barnabés que, mamando nas tetas públicas, não tem a integridade necessária para discorrer sobre compromisso com a profissão.

Olha só, para deixar bem claro: sou jornalista profissional diplomado, sim. A minha questão contra a obrigatoriedade surge, num primeiro momento, do inevitável avanço das pessoas “comuns” graças às novas tecnologias.

Hoje somos (todos nós) dotados de instrumentos que antes eram privilégio da mídia. As pessoas vêem as coisas acontecerem diante delas, fazem fotos e vídeos, levam relatos ao ar. Isso é jornalismo, gente, quer queira a Fenaj ou não.

Minha segunda questão contra a obrigatoriedade é a balela de que o diploma é “uma das garantias que conferem à mídia brasileira qualidade e compromisso com a informação livre e plural.”

Mentira, não é verdade! Temos analfabetos funcionais diplomados trabalhando em redações, gente despreparada e deslumbrada, caras cheios de rabo preso, interesses e a soldo de poderosos. Ética e caráter não estão embutidos num canudo, pode ter certeza.

Para encerrar, seção-comédia: a tal cartinha que a Fenaj, via fóruns e spam, está distribuindo na rede…
À Sua Excelência Sr(a)

Ministro(a) do STF

A exigência do diploma de Curso Superior em Jornalismo para o exercício independente e ético da profissão de jornalista é uma conquista histórica não só desta corporação, mas de toda a população brasileira.

A luta pela criação de Escolas de Jornalismo começou no início do século passado. O primeiro Curso foi implantado 40 anos atrás e a profissão, regulamentada há 70 anos, desde 1969 exige a formação superior na sua legislação. Este requisito representou um avanço para a imprensa do país ao democratizar o acesso à profissão, antes condicionado por relações pessoais e interesses outros que não o de atender o direito da sociedade de ser bem informada.

Setores sem compromisso com a construção de um jornalismo responsável e realmente cumpridor de sua função social vêm questionando este fundamental instrumento para a seriedade, democracia e liberdade na imprensa. Confio que o(a) Excelentíssimo Ministro(a) votará com este entendimento no (RE) 511961, em favor de uma categoria profissional com papel tão relevante e em defesa da sociedade brasileira.

O diploma em Jornalismo, bem ao contrário de ameaçar a liberdade de expressão, é uma das garantias que conferem à mídia brasileira qualidade e compromisso com a informação livre e plural.