Um ângulo interessante sobre jornalismo cidadão surgiu depois que li uma entrevista de Hayden Hewitt, um dos fundadores do Liveleak.com _basicamente um repositório de vídeos amadores.
Primeiro que caiu minha ficha: na verdade, o cidadão está por trás de poucas iniciativas jornalísticas. A maior parte delas são registros de entretenimento.
“Alguns vêem como entretenimento, enquanto outros levam mais a sério”, disse Hewitt. Seu site bombou com as cenas de hooliganismo gravadas por amadores há 20 dias, após um jogo de hóquei no Canadá.
Aí fiquei pensando que, de certa forma, é um pouco a birra que jornalistas tradicionais têm quando olham portais de internet. Torcem o nariz, sendo que entretenimento e jornalismo brigam por espaço nas home pages. E o jornalismo, sempre é bom lembrar, é apenas um pedacinho do conteúdo dos portais.
Daí, quando o proprietário de um site que usa material produzido pelo usuário diz que há entretenimento e também quem leve a sério, paro pra pensar. “Uai, entretenimento não pode ser sério?”
Não, não pode.
O que temos observado é que a midiasfera cada vez mais indiferencia o que é notícia, entretenimento, jornalismo, publicidade, consumo, política e espetáculo. O caso Isabella é exemplar. Onde estão as fronteiras que separam informação e divertimento/catarse, sei lá o que? O jornalismo cidadão reconhece estes limites? Temos aqui uma convergência conceitual também? Um problema ético? E Adorno, iria adorar viver no século 21? Abs.