A morte do escudeiro maltrapilho

Falamos deles outro dia, quando abordamos a representação do jornalista no cinema, e ontem morreu Dith Pran, fotógrafo cambojano que era o protótipo do escudeiro leal, maltrapilho e disposto a morrer para ajudar seu parceiro jornalista. Um personagem que virou clichê nos filmes dos anos 80, mas que neste caso era verdadeiro.

Pran foi tradutor e faz-tudo do jornalista do The New York Times Sydney Schamberg, enviado ao Cambodja em 1975 para cobrir o golpe que colocou no poder o marxista sanguinário Pol Pot. Como conhecia os atalhos, Pran levou o repórter americano a locais onde se acumulavam caveiras e corpos (como mostra este documentário).

Impedido de deixar o país (só Schamberg pôde sair do Cambodja, e lamentou para o resto da vida ter deixado o amigo para trás), Pran foi preso e torturado por quatro anos, até que se conseguiu passar por um iletrado camponês (o regime de Pol Pot matava as pessoas que pareciam esclarecidas) e fugiu para os EUA, onde acabou contratado pelo NYT e criou uma fundação para ajudar as famílias das vítimas do genocídio.

Da cama do hospital, onde lutava contra o câncer, Pran deu uma entrevista ao NYT poucos dias antes de morrer.

É uma coincidência, já que na quarta passada, e também de câncer, morria Philip Jones Griffiths, fotógrafo que teve papel importante na Guerra do Vietnã.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s